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Segundo pesquisa, uma das consequências da pandemia tem sido a receio de socializar

Dentre todas as consequências que durante a pandemia têm sido possível perceber, preocupações acerca da saúde mental "pós-pandemia" têm sido investigadas



Ao longo de pouco mais deste um ano e meio de pandemia que estamos vivendo já foi possível notar, tanto em si quanto nos outros mudanças no estilo de vida como um todo. Em uma pesquisa realizada pela American Psychological Association (APA) no começo de 2021 teve por objetivo levantar aspectos ligados às influências oriundas da pandemia de Covid-19 na saúde mental dos americanos.


Segundo a pesquisa, 47% dos adultos respondentes afirmaram que se sentiram muito solitários durante a pandemia. Além de uma análise geral, a pesquisa também revelou dados a considerar algumas divisões por grupo. Socialmente, aspectos interssecionais, como gênero e raça, tendem influenciar direta e indiretamente no estado mental dos indivíduos, Para exemplificar, a pesquisa revelou que pessoas pretas afirmaram ter maior preocupações em relação ao futuro e que dentre os adultos que declararam ter tido piora na saúde mental, os adultos da geração Z (nascidos no fim da década de 90) são aqueles com maior índice (61%).


Pós-pandemia e apatia social


Embora ainda estejamos vivenciando a pandemia, as medidas de flexibilização e o caminhar da vacinação permitem que investigações e previsões sobre o "pós-pandemia" comecem a aparecer. Em entrevista para o EL PAÍS, o sociólogo espanhol Juan Antonio Roche Cárcel conta que a rotina na pandemia permitiu o fortalecimento das polaridades e que este tem sido um dos aspectos que tem influenciado a predisposição de relações sociais. Para ele, imagens comuns no início da pandemia de ações comunitárias, deram espaço às imagens de transgressões de quarentena como festas ilegais, movimentos antivacinas etc. que induzem aos indivíduos a terem determinados posicionamentos e que gera e tem gerado muitas discussões por meio principalmente das redes sociais.


Na mesma matéria, a psicóloga espanhola Eli Soler explica que o período da quarentena gerou o efeito de ampliação emocional. Assim, há aqueles que sentiram-se mais solitários e apesar das angústias acabaram por se acostumar com a falta de contato social e assim "demonstram ter preguiça de voltar a socializar". Em minha experiência clínica, especificamente, tem sido possível perceber certa congruência com a ideia de ampliação emocional. Aos que relatam estado de irritação, tédio ou outras emoções afirmam que nunca se viram de uma forma tão excessiva quanto neste período.


"Atrofiamento do músculo social"



Naturalmente, tendemos a olhar para algo esquecido quando este nos falta e, muitas vezes, a percepção da falta se dá mais facilmente por algo materializável. Por exemplo, quanto se imobiliza uma perna por conta de uma fratura, percebemos e relembramos os movimentos que eram feitos naturalmente sem esta condição. Porém, após algum tempo nesta situação é possível que nos acostumemos e só depois da retirada do imobilizador é que nos damos conta que para andarmos como antes é necessário um trabalho de fisioterapia.


O exemplo acima subsidia uma analogia em relação aos nossos processos mentais. Ao nos acostumarmos com olhar para o outro uma identidade unicamente intermediada por uma polarização - esquerda ou direita, por exemplo, ou nos acostumarmos com a falta de contato social, pode-se dizer que este é um resultado de "atrofia social". Assim para que nos acostumemos novamente com a companhia do outro é necessário um esforço. É necessário que nos motivemos a rever pessoas que gostávamos de interagir para manter a saúde mental, mesmo que possa parecer como o primeiro passo - não tão fácil e meio dolorido - como acontece na recuperação de uma perna quebrada.





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